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sexta-feira, maio 04, 2007

Opinião: relatório sobre violência paulista X História social brasileira

Entre os dias 12 a 19 de maio de 2006, 493 pessoas morreram no Estado de São Paulo, durante a onda de violência desencadeada pelos ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e incrementada pela reação truculenta e desproporcional da Polícia Militar. Para marcar a data, a Anistia Internacional, uma das organizações de defesa dos direitos humanos mais respeitadas em todo o mundo, lançou o relatório “Entre o ônibus em chamas e o caveirão: em busca da segurança cidadã”. A entidade critica, entre outras coisas, o mal treinamento da polícia e a negligência do Estado em relação aos bairros mais pobres. Hoje a violência é um dos assuntos que mais inquietam a população. Ela é crescente e também tem uma cara. É a cara do negro, da mulher, do pobre, parcelas da população que são as maiores vítimas da violência. Se a pessoa for negra e pobre então, é enxergada como vilã, mesmo sendo a vítima. E o pior é que sofrem com as ações do bandido e da própria polícia. E por que acontece isto? A resposta é simples, no nosso país o racismo ainda é latente. Afinal, o Brasil foi o último país do mundo ocidental a abolir a escravidão (1888) e foi o maior importador de toda a história do tráfico de negros. A escravidão foi uma das formas mais radicais de exclusão econômica e social. Por isso o Estado brasileiro tem uma grande dívida com a população negra. Não podemos negar que há uma outra postura. O governo Lula criou uma Secretaria com status de Ministério - a Secretaria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial – e já tivemos alguns avanços como a política de cotas nas universidades. Mas ainda há muito o que fazer para reparar anos de escravidão, exclusão e sofrimento. O assunto sério, exige reflexão e o mais importante, mudança de mentalidade.