Cortadores de cana têm vida útil de escravo em SP

De acordo com notícia divulgada no site Primeira Hora, o novo ciclo de cana-de-açúcar, em São Paulo, tem imposto aos seus trabalhadores (cortadores de cana) uma rotina que pode ser comparada à vida dos escravos dos séculos XVI e XVII. “É o lado perverso de um setor que, além de gerar novos empregos e ser um dos principais responsáveis pela movimentação interna da economia, deve exportar US$ 7 bilhões neste ano”, explica a matéria. O esforço físico gerado pelo trabalho canavial, segundo pesquisa, provoca o aumento no número de mortes e acidentes de trabalho. Outro problema sério é o aparecimento de câimbras, tendinite e de complicações na coluna e pés, visto que os cortadores são obrigados a colher até 15 toneladas de cana por dia. Até 1850, o ciclo de vida útil dos escravos na agricultura era de 10 a 12 anos. Depois da proibição do tráfico de escravos da África, os proprietários passaram a cuidar melhor dos escravos e a vida útil subiu para 15 a 20 anos. Além da área agrícola, os escravos foram utilizados na mineração e alguns ainda eram responsáveis por serviços domésticos e/ou urbanos. Na época escravocrata brasileira, o escravo encontrava-se na posição de propriedade de seu senhor, não possuindo assim qualquer direito. O cativo estava à disposição do seu dono, que o superexplorava. Era vigiado pelos chamados capitães-do-mato, que também capturavam os “fujões” e lhes aplicava os mais diversos tipos de castigos, como o açoitamento e o tronco, o que contribuía para diminuir o tempo de vida dessa mão-de-obra. Em síntese, executava o seu trabalho nas mais hediondas condições.
No entanto, a abolição da escravidão, através da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, não impediu que outras formas de trabalho compulsório e que o tráfico de pessoas continuassem existindo no nosso País, a chamada escravidão moderna. A vida trabalhista dos cortadores de cana (se é que possamos chamá-la de trabalho), vindos principalmente dos estados do Maranhão e Piauí, comprova a existência desumana desta escravidão moderna.